APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: AMPLIANDO O ENFOQUE

31/10/2009 10:22

41Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001status de saúde encontra suporteRev.43status deHealth-) que, desde meados da década de 80, do século passado, vemaptidão física relacionada a habilidades – tem como objetivo– preocupa-se mais em difundir qualidades queRev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 200145como realizar taisconteúdos básicos de outros campos de conhecimento como fisiologia,1.conteúdos básicos de fisiologia do exercício, biomecânica, anatomia, nutrição for suficienteconteúdos básicos na educação física escolarCORRIDA  NutriçãoRev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001culpabilização da47(Crawford, 1977), pois insinua que a saúde pode ser obtida predominantementeRev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001status quo. Estratégias desse tipo, que49Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 20012, até o entendimento dessas alterações no nível celular CORRIDA Nutrição51Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001‘Aptitud Física(AFRS) para la educación física escolar. Este movimiento, queBritish, London, v. 21, p. 225, 1990.QUEST: v. 48, p. 330-353, 1996.Programa Agita São Paulo. São Paulo: CELAFISCS, 1998.Research, v. 58, n .4, p. 308-314, 1987.. London: The Ling, 1987.Journal of Physical Education,, London, v. 57, n. 5, p. 82-84, 1986.Revista, Lisboa, v. 2, n. 12, p. 205-208, 1986.53International Journal of Health Services, v. 7, n. 4, p. 663-680, 1977.Desporto, saúde, vida: em defesa do desporto. Lisboa: Livros Horizonte,Desporto, saúde, bem-estar. Porto: FCDEF, 1990.Public Health Reports, v. 101, n.Toward active living.Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 16, n. 1, p. 42-48, 1994.Revista do Professor, PortoRevista da, Londrina, v. 14, n. 7, p. 16-23, 1993.Public Health Reports, London, v. 100,Women & Health, v. 16, n. 3/4, p. 177-191, 1990.British Journal of, London, v. 19, n. 3, p. 122-123, 1988.Sports Medicine, NewSports Medicine, New Zealand, v. 13, n. 5,. Porto: FCDEF, 1989.Revista Horizonte, Lisboa,Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001Fundamentos de aptidão física relacionada à Saúde. 2. ed. Florianópolis:Health promotion: an anthology. Washington: PAHO, 1996.Exercise adherence: its impact on public health. Champaing: Human Kinetics,Research Quarterly, v. 62, n. 2, p. 124-137, 1991.Revista, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 18-20, 1986.Annual Review of Public Health, v. 9, p. 403-425, 1988.Public Health Reports, v. 100, n. 2, p. 180-188, 1985.Desporto, saúde, bemestar.Issues in physical education.British, London, v. 20, n. 2, p. 60-63, 1989.Sports Medicine, New Zealand, v. 13, n. 5, p. 357-364, 1992.Public Health Reports, v. 100, n. 2, p. 195-201, 1985.

Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001

 

APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE NA EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR: AMPLIANDO O ENFOQUE

 

MARCOS SANTOS FERREIRA

 

Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Laboratório de Atividade

Física e Promoção da Saúde. E-mail: msantos@uerj.br

 

RESUMO

 

A prática regular e bem orientada do exercício físico pode ser vista como uma contribuição

importante para a saúde. Com base nessa relação positiva entre exercício e saúde

surge, em meados da década de 80, o movimento da “‘Aptidão Física Relacionada à

Saúde” (AFRS) para a educação física escolar. Esse movimento, que advoga a idéia da

aptidão para toda a vida e a construção de estilos de vida ativa nas pessoas, visa a

contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população. Embora esse

movimento possa ser considerado um avanço em relação ao que vem sendo ensinado

na educação física escolar, ele não está isento de críticas. Dentre as principais críticas,

estão a idéia de causalidade entre exercício e saúde e o caráter eminentemente individual

de suas propostas, o que concorre para a culpabilização da vítima. Como forma de

superar essas lacunas, discutimos a necessidade de a AFRS considerar o caráter multifatorial

da saúde, incorporando os determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais e

ambientais do exercício, da aptidão física e do desporto. A compreensão da influência

desses fatores na adesão ao exercício físico por parte dos alunos, seria, a nosso ver, o

grande papel da educação física escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde; Aptidão Física; Aptidão Física Relacionada à Saúde; Educação

Física Escolar

 

42

 

INTRODUÇÃO

 

Hoje o senso comum aceita e propaga a idéia de que exercício físico faz

bem à saúde. De fato, a prática regular e bem orientada de exercícios físicos traz

inúmeros benefícios. Com base nisso, surgiram propostas voltadas para a educação

física escolar com o objetivo de popularizar a prática do exercício físico e,

desse modo, contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população.

No nosso entender, essas propostas representam um avanço, embora adotem

uma abordagem essencialmente biológica da questão, omitindo aspectos de

fundamental importância para a adesão ao exercício físico, como os socioeconômicos.

Tendo isso em vista, pretendemos apresentar aqui idéias que visam preencher

essa lacuna, e assim contribuir com a criação de uma nova perspectiva para o

exercício e o desporto na educação física escolar.

 

O EXERCÍCIO FAZ BEM À SAÚDE?

 

A influência benéfica do exercício físico no

teórico em estudos de diversos autores (Powell et al., 1996; Mota, 1992; Borms,

1990; Corbin, 1987). A tal ponto que alguns vêm entendendo o incentivo a essa

prática como ação importante na área de saúde pública (Sallis, Mckenzie, 1991;

Powell, 1988; Simons-Morton et al., 1988; Caspersen, Christenson, Pollard, 1986).

Com efeito, a prática regular e bem orientada de exercícios traz benefícios

como: (a) a redução do “colesterol maléfico” (LDL) e o aumento do “colesterol

benéfico” (HDL), o que diminui o risco de distúrbios cardiovasculares, como a

arteriosclerose e o infarto do miocárdio, além de combater a obesidade; (b) o

aumento da vascularização, que favorece a nutrição dos tecidos corporais e combate

a hipertensão (Siscovick, Laporte, Newman, 1985); (c) a melhoria da eficiência

cardíaca, fruto do aumento das cavidades do coração e da hipertrofia do

miocárdio; (d) o fortalecimento de músculos, articulações e ossos, que diminui o

risco de lesões e dificulta o aparecimento de doenças como a osteoporose; (e) o

aumento da capacidade respiratória, que favorece as trocas gasosas; (f) a melhoria

da flexibilidade e da força muscular, que reduz as dores nas costas, o risco de

lesões articulares e otimiza a autonomia do indivíduo para atividades cotidianas,

dentre outras adaptações. Além disso, a prática regular do exercício físico também

vem sendo associada a benefícios na esfera psicológica, como a redução da ansiedade,

da depressão (Taylor, Sallis, Needle, 1985), do estresse e a melhoria do

humor (Berger, 1996).

Vale ressaltar, porém, que a associação sem reservas entre exercício físico e

saúde, numa relação de causalidade, pode nos levar ao campo do “otimismo ingê

Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001

 

nuo” (Sobral, 1990), uma vez que os benefícios do exercício dependem da forma

como é praticado. De fato, vários autores argumentam que ao desenvolvimento

da aptidão física não corresponde necessariamente uma melhoria do

saúde (Mota, 1992; Bento, 1991; Haskell, Montoye, Orenstein, 1985) e que nem

todas as repercussões do exercício físico e do desporto são benéficas à saúde

(Bento, 1991; Meinberg, 1989). Há, por exemplo, estudos que demonstram que

o treinamento ao qual os atletas do desporto de rendimento são submetidos pode

levar, anos mais tarde, a seqüelas no organismo (Meeusen, Borms, 1992; Sward,

1992; Kujala, Kvist, Osterman, 1986). Portanto, o exercício físico deve ser encarado

como um meio potencial para se contribuir positivamente para a saúde, quando

praticado de forma correta e adequada.

 

APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

 

É exatamente na possibilidade de o exercício contribuir positivamente para

a saúde que se apóia o movimento da “Aptidão Física Relacionada à Saúde” (

Related Fitness

ganhando espaço em países como Grã-Bretanha, Canadá, Estados Unidos e Austrália,

o que pode ser observado em livros e artigos em revistas especializadas

(Corbin, Fox, Whitehead, 1987). Um exemplo disso foi a constituição de um grupo

de trabalho na Grã-Bretanha, em finais daquela década, para definir em que

nível a Aptidão Física Relacionada à Saúde poderia contribuir na formulação das

Diretrizes Curriculares Nacionais. A recomendação final desse grupo de trabalho

foi que o currículo nacional de educação física tivesse como meta a Aptidão Física

Relacionada à Saúde, ou seja, que os alunos compreendessem os benefícios da

prática regular do exercício físico, e conhecessem as formas pelas quais esses benefícios

podem ser alcançados e mantidos (Armstrong et al., 1990). Pode-se dizer

que, no Brasil, as idéias da Aptidão Física Relacionada à Saúde foram difundidas

inicialmente por Nahas (1989) e, mais tarde, por Guedes (1993).

A AFRS considera duas tendências básicas por meio das quais a aptidão física

se manifesta como referência principal para a questão da saúde na educação física.

A primeira delas –

viabilizar desempenhos, de acordo com as necessidades da vida cotidiana, do mundo

do trabalho, dos desportos e das atividades recreativas. A segunda tendência –

 

aptidão física relacionada à saúde

precisam ser trabalhadas constantemente para se obter o nível ideal desejado,

como condicionamento aeróbio, força e resistência muscular, flexibilidade e composição

corporal ideal. Conquanto a primeira tendência seja importante para a

 

44

 

corrente da aptidão física permanente, observa-se uma preocupação maior da

AFRS com os componentes da aptidão física relacionada à saúde, já que essa necessita

de uma manutenção constante pela prática regular do exercício.

A corrente da Aptidão Física Relacionada à Saúde abraça, assim, a questão

da aptidão física para toda a vida e reabre a discussão sobre os conceitos de estilo

de vida (Corbin, 1986; Corbin, Fox, 1986), com vistas a contribuir para a melhoria

da saúde e da qualidade de vida da população. Assim, cumpre à educação física

escolar criar nos alunos o prazer e o gosto pelo exercício e pelo desporto de

forma a levá-los a adotar um estilo de vida saudável e ativa. Para tanto, as pessoas

devem ser capazes de selecionar as atividades que satisfazem suas próprias necessidades

e interesses, de avaliar seus próprios níveis de aptidão e, finalmente, de

resolver seus próprios problemas de aptidão (Corbin, Fox, 1986). Quanto mais

alto o degrau alcançado na escada da aptidão física para toda a vida, maior a autonomia

do indivíduo no que se refere á prática do exercício (Figura1).

 

FIGURA 1 – ESCADA DA APTIDÃO FÍSICA PARA TODA A

VIDA (ADAPTADA DE CORBIN, FOX, WHITEHEAD, 1987)

 

Para alcançar esses objetivos, a corrente da Aptidão Física Relacionada à

Saúde defende que a educação física não esteja atrelada exclusivamente ao desporto.

A educação física, pelo menos no Brasil, talvez seja uma das poucas disciplinas

escolares, senão a única, a trabalhar os mesmos conteúdos da 5ª série do

ensino fundamental até a última do ensino médio. Se o leitor acha que se trata de

um exagero, peço que visite algumas escolas, públicas ou privadas, e converse

com os alunos sobre a disciplina educação física. Ou mesmo procure se lembrar

de suas aulas de educação física na escola. Mesmo considerando observações

assistemáticas de aulas de educação física, ousaria afirmar que essa disciplina ensina,

com raras exceções, tão-somente técnicas, regras e histórico de alguns desportos.

Handebol, basquete, vôlei e futebol são os preferencialmente desenvolvi-

 

SOLUÇÃO DE

PROBLEMAS

AUTO-AVALIAÇÃO

DA APTIDÃO FÍSICA

CONHECIMENTO

SOBRE EXERCÍCIOS

APTIDÃO FÍSICA

EXERCITAÇÃO AUTONOMIA

 

Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001

 

dos pelos professores ao longo de todas aquelas séries escolares. Qual será o

papel da educação física escolar ao priorizar esses conteúdos? Será que é apenas

isso o que a educação física tem a ensinar aos alunos? Os adeptos da corrente da

Aptidão Física Relacionada à Saúde entendem que não. Para que os alunos adotem

estilos de vida ativa e tenham autonomia para a prática do exercício, é necessário

que outros conteúdos sejam desenvolvidos na educação física escolar. Esse alargamento

de conteúdos, no entanto, não significa o abandono nem a negação do

desporto, mas sim o seu redimensionamento na esfera da educação física escolar.

Para que os jovens pratiquem desporto e atividade física regularmente não

basta que dominem técnicas e regras. É preciso que saibam

atividades com segurança e eficiência, ou seja, que tenham a mínima autonomia

para praticar essas atividades por conta própria. Enfim, é necessário que tenham

acesso a

biomecânica, nutrição e anatomia

Tomemos como exemplo o desporto Atletismo, mais especificamente o

conteúdo corrida. Para que os alunos possuam a mínima autonomia no que tange

à sua prática, não basta que o professor de educação física lhes ensine a técnica da

corrida, suas regras e histórico. Seria necessário ampliar as formas de se entender

a corrida, incluindo a ótica daqueles campos do conhecimento (Figura 2).

 

FIGURA 2 – INFLUÊNCIA DE CAMPOS DO CONHECIMENTO

NA COMPREENSÃO DE CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

 

Dessa forma, ao ensinar a corrida, o professor deveria explorar também a

importância da freqüência cardíaca na monitoração do esforço físico da pessoa e as

 

1. Já tive oportunidade de expor esse ponto de vista em aulas e palestras. Em várias dessas ocasiões fui

interpelado por graduandos preocupados com o que eles consideram a capacitação de alunos do

ensino médio para o exercício da função do professor de educação física. Isso é preocupante, pois se

o acesso a

para capacitar alguém para atuar como professor de educação física, é sinal que ela vai muito mal,

obrigado. Entendo que oportunizar o acesso a esses

valorizaria os profissionais e a profissão, pois estando minimamente capacitadas, as pessoas estariam

aptas a identificar e recusar propagandas e práticas enganosas, maus profissionais e charlatães; e a

valorizar os bons profissionais de educação física.

 

Fisiologia

 



 

Anatomia

 



 

Biomecânica

 

46

 

formas corretas de se medi-la. A melhor forma de respiração; a adequação da

vestimenta e do calçado para a corrida; a hidratação e a alimentação antes, durante

e depois de uma corrida de longa distância; como fazer um aquecimento corretamente;

as contra-indicações da corrida; e a corrida para o emagrecimento seriam

questões a serem discutidas com os alunos. Até lesões e desconfortos (tendinites,

câibras etc.) causados por uma corrida mal orientada, e que são questões de

habitual interesse de pessoas leigas no assunto, poderiam ser exploradas para ampliar

o conhecimento dos alunos. Vale dizer, a título de ilustração, que no espaço destinado

à corrida na Figura 1 podem ser incluídos conteúdos e unidades didáticas de

outros desportos. As modalidades da natação, por exemplo, seriam melhor compreendidas

com base nesse enfoque. Em linhas gerais, essas são as idéias básicas

do movimento da Aptidão Física Relacionada à Saúde.

 

A CULPABILIZAÇÃO DA VÍTIMA

 

Embora compartilhe de muitas idéias da Aptidão Física Relacionada à Saúde

e as considere um progresso em relação ao que vem sendo ensinado na educação

física escolar, vejo que é possível trazer algumas contribuições para o debate em

torno da questão, uma vez que esse movimento não está isento de críticas. Uma

das mais contundentes críticas ao discurso da Aptidão Física Relacionada à Saúde

está no caráter eminentemente individual de suas propostas. Para Sparkes (1991),

a corrente da Aptidão Física Relacionada à Saúde analisa a questão da saúde no

nível individual, o que serve para obscurecer outros determinantes da saúde. Ou

seja, costuma-se apresentar o indivíduo como o problema e a mudança do estilo

de vida como a solução. Sparkes (1989) argumenta ainda que o movimento da

Aptidão Física Relacionada à Saúde considera a existência de uma cultura homogênea

na qual todos seriam livres para escolher seus estilos de vida, o que não condiz

com a realidade. O fato é que vivemos numa sociedade dividida em classes sociais,

na qual nem todas as pessoas têm condições econômicas para adotar um estilo de

vida ativa e saudável. Há desigualdades estruturais com raízes políticas, econômicas

e sociais que dificultam a adoção desses estilos de vida.

Além disso, a vinculação exclusiva da prática do exercício à idéia de aptidão

física permanente, embora seja uma atribuição importante da educação física escolar

a ser considerada, não se mostra suficiente para sua relação de compromisso

com a saúde. Primeiramente, traduz-se num reducionismo, pois limita a saúde ao

campo da aptidão física. Além disso, sugere uma relação de causalidade entre

aptidão física e saúde, em que ser fisicamente ativo significaria ser saudável. Desse

modo, juntamente com o individualismo ainda concorre para a

 

Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001

 

vítima

por mudanças no comportamento individual.

É comum, por exemplo, que campanhas de adesão ao exercício físico apontem

como estratégias a modificação de hábitos cotidianos a fim de ampliar o

engajamento das pessoas ao exercício. Subir e descer escadas em vez de usar o

elevador, andar no lugar de usar transportes motorizados e substituir atividades

feitas com equipamentos eletrônicos por atividades manuais são alguns exemplos.

Essas estratégias, porém, restringem-se a ações individuais, o que concorre para a

culpabilização da vítima. Em alguns casos, a individualização do problema é tão

acintosa que acaba por camuflar os determinantes sociopolítico-econômicos da

situação. É o caso, por exemplo, de programas institucionais que visam incrementar

o nível de atividade física da população como um importante instrumento para

promoção de saúde e melhoria da qualidade de vida (CELAFISCS, 1998) e chegam

a orientar as pessoas idosas a aproveitar “as filas nos bancos ou correios para

fortalecer os músculos do abdome (sic.) e das pernas” (p.22). Esse tipo de orientação

parece aceitar as filas em bancos como coisa natural e, por que não dizer,

inexorável. Na verdade, a existência de filas, principalmente para idosos, é inaceitável

numa sociedade que se pretenda justa e igualitária. As filas nos bancos não

têm razão de ser e podem ser minimizadas (senão extintas), por exemplo, com o

aumento dos postos de trabalho, medida que em geral não interessa aos donos de

bancos. Limitar-nos a orientações de caráter individual apenas reforça a situação

vigente e difunde a idéia de que a prática do exercício é um fenômeno à parte dos

problemas sociais.

O mesmo pode ser observado em artigos publicados em revistas especializadas

da área de educação física. Silva (1986), por exemplo, ao propor dez mandamentos

para preservar a saúde por meio da prática de atividades físicas, também

restringe-se a orientações de caráter estritamente individual, além de traçar uma

relação causal entre atividade física e saúde. Isso fica muito claro quando o autor

apresenta como objetivo “alertar, orientar e encorajar o indivíduo de qualquer

idade a se tornar fisicamente mais ativo, compreendendo a prática da atividade

física como um hábito indispensável para uma vida mais sadia” (p.18). Por fim,

como décimo mandamento o autor advoga: “comprometa-se consigo próprio em

garantir, pela atividade física, boa qualidade de vida” (p.19). Considerar essas estratégias

suficientes para promover a prática regular do exercício na população é

disseminar, mesmo que inadvertidamente, a ideologia da culpabilização da vítima.

Por outro lado, não se trata de adotar uma abordagem determinista que

considera as pessoas impotentes na luta por melhores condições de vida, nem de

desconsiderar que a alteração do nível de atividade física da população, assim como

 

48

 

de muitas condições adversas à saúde, passa também pela modificação de comportamentos

individuais. Segundo Crawford (1977), o que deve ser questionado

é a eficácia e o uso político de uma abordagem centrada exclusivamente no estilo

de vida e em mudanças comportamentais individuais, que desconsidera a necessidade

da luta por mudanças concorrentes no ambiente social e econômico.

Os professores de educação física, ao acatar o uso de estratégias exclusivamente

individuais para o combate do sedentarismo, perdem a oportunidade de

usar seus conteúdos para conscientizar as pessoas e acabam por legitimar a despolitização

do cotidiano e a perpetuação do

não prevêem ou apontam ações concretas para a superação de uma realidade

socioeconômica adversa, podem ser consideradas estéreis ou paliativas. Isso porque,

ao mesmo tempo em que alguns indivíduos podem se sensibilizar pela mensagem

do exercício e se engajar numa prática continuada, inúmeros outros são

levados pelas condições socioeconômicas a distanciarem-se dessa prática. Não é à

toa que a falta de tempo aparece nas pesquisas sobre adesão como um dos principais

motivos do abandono e da falta de regularidade em programas de exercício

físico (Johnson et al., 1990). Some-se a isso o fato de as pessoas de baixo nível

socioeconômico aparecerem como as que têm mais dificuldade em se engajar em

atividades físicas (Etkin, 1994).

Imaginemos um(a) cidadão(ã), residente na periferia de um grande centro

urbano, que diariamente acorda às 5:00h para trabalhar, enfrenta em média 2

horas de transporte público, em geral lotado, para chegar às 8:00h ao trabalho.

Termina o expediente às 17:00h e chega em casa às 19:00h para, aí sim, cuidar

dos afazeres domésticos, dos filhos etc. Como dizer a essa pessoa que ela deve

praticar exercícios, pois é importante para sua saúde? Como ela irá entender a

mensagem da importância do exercício físico? A probabilidade de essa pessoa praticar

exercícios regularmente é significativamente menor que a de pessoas da classe

média/alta que vivem outra realidade. Nesse caso, a abordagem individual do

problema tende a fazer com que a pessoa se sinta impotente em não conseguir

praticar exercícios e, conseqüentemente, culpada pelo fato de ser ou estar sedentária.

Por outro lado, uma abordagem que considerasse os determinantes

sociopolítico-econômicos da questão deslocaria parte da responsabilidade do indivíduo

por sua situação de vida para o conjunto da sociedade, ao mesmo tempo

em que o habilitaria a lutar por mudanças sociais. Sendo assim, campanhas eficazes

de popularização do exercício físico deveriam abarcar em suas ações estratégicas,

por exemplo, a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Essa

seria uma iniciativa de larga abrangência populacional que melhoraria as condições

 

Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001

 

de vida da maioria das pessoas, contribuindo para a adoção e a modificação de

hábitos e atitudes, dentre os quais estaria a prática regular do exercício físico.

 

APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR: AMPLIANDO O ENFOQUE

 

É necessário que a educação física escolar supere as limitações da Aptidão

Física Relacionada à Saúde se, de fato, pretende contribuir para uma efetiva

popularização do exercício físico. Um passo inicial e importante está em legitimar o

seu papel na escola. De acordo com Farinatti (1994), essa legitimação da educação

física como disciplina curricular fundamental à formação do indivíduo passa obrigatoriamente

pela definição e valorização de seus objetos concretos de ensino, que

apenas a ela cabe desenvolver com o aluno. Como não temos aqui a pretensão de

aprofundar a discussão sobre essa temática, parece-nos razoável considerar que o

exercício, o desporto e a aptidão física aparecem como conteúdos essenciais da

educação física.

Como vimos anteriormente, esses conteúdos não podem esgotar-se em si

mesmos nem limitar-se à esfera biológica. Enquanto a atenção dos profissionais de

educação física estiver voltada unicamente para a aptidão física, questões sociais

maiores que a perpassam estarão ficando despercebidas. Segundo Kirk (1988), a

ênfase exclusiva na aptidão física pode fazer com que o valor das atividades em

educação física seja julgado totalmente em termos de sua eficácia para a aptidão, o

que pode levar a “uma visão instrumental da educação física que não dá importância

ou menospreza as valiosas experiências educacionais que os alunos podem ter

através das atividades físicas” (p. 122). Portanto, não se trata de justificar a aptidão

física por si só, entendendo-a apenas como um estado de adaptação biológica às

solicitações externas, mas vê-la como um processo que representa todo o envolvimento

do indivíduo com o meio, integrando-a às ações políticas, econômicas e

socioculturais que envolvem a promoção da saúde. Farinatti (1994) assinala a necessidade

de o educador que lida com problemas de aptidão não se limitar a

objetivos de curto prazo. Segundo ele, a caracterização da aptidão física como

questão didático-pedagógica demandaria “a problematização de elementos da totalidade

do corpo de conhecimentos afeito à educação física” (p.46).

Depreende-se disso que a educação física não pode perder de vista o caráter

multifatorial da saúde e, portanto, da qualidade de vida. Como disciplina escolar,

ela não deve abandonar sua preocupação em subsidiar e encorajar as pessoas

a adotarem estilos de vida ativa. Porém, esse seu papel estará limitado se ela não

for capaz de promover o exame crítico dos determinantes sociais, econômicos,

 

50

 

políticos e ambientais diretamente relacionados a seus conteúdos (Figura 3), de

forma que as pessoas tenham autonomia para a prática de exercícios.

 

FIGURA 3 – INFLUÊNCIA DE CAMPOS DO CONHECIMENTO

NUMA COMPREENSÃO MAIS GLOBAL DE CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

 

A idéia de autonomia é abrangente. Por isso, o domínio exclusivo de conteúdos

da área biológica (fisiologia, anatomia etc.), como proposto pela corrente

da Aptidão Física Relacionada à Saúde, não garante aos alunos autonomia necessária

à prática e à compreensão do exercício e do desporto. O exercício, o desporto

e a aptidão física não são fenômenos meramente biológicos, mas também sociais,

políticos, econômicos e culturais. Para compreendê-los em toda sua essência temos

que ser capazes de analisar criticamente todos esses determinantes.

Como entender, por exemplo, a predominância de atletas negros em muitas

provas do Atletismo de rendimento? A explicação desse fato não pode se resumir

aos aspectos anatômicos e fisiológicos da questão. Devemos ampliar a discussão,

abarcando os aspectos sociais e econômicos que são bastante significativos nesse

caso. Como compreender, por exemplo, a falta de tempo, de espaços públicos e de

segurança para a prática da corrida, se não nos remetermos a aspectos sociais e

políticos? Ao desenvolver o conteúdo corrida, pode o professor furtar-se a discutir

questões como os efeitos do fumo e da poluição para os praticantes da corrida, e a

agressão que grandes eventos de Atletismo podem representar ao meio ambiente?

Embora essa abordagem multidisciplinar para a educação física escolar seja

melhor vislumbrada se tomarmos por base o ensino médio e as últimas séries do

ensino fundamental, ela pode perpassar todas as séries escolares, respeitando-se

para isso, a capacidade de compreensão dos alunos. Queremos dizer com isso

que o enfoque de condicionantes fisiológicos, por exemplo, pode ir desde a compreensão

de que algumas estruturas orgânicas alteram seu funcionamento quando

se corre (o coração bate mais rapidamente, a respiração fica mais acelerada), para

os alunos das séries iniciais

 

2. Para exemplo de aula com turmas de 1ª série do ensino fundamental e classes de alfabetização, ver

Ferreira (1996).

 

Fisiologia História Ecologia

 

 

 

Anatomia

 

  

 

Biomecânica Política Sociologia

 

Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 41-54, jan. 2001

 

(aumento da atividade de enzimas oxidativas e glicolíticas, maior transporte de

oxigênio pela hemoglobina etc.), para os alunos do ensino médio.

O mesmo vale quando o olhar perpassa outros campos do conhecimento. A

corrida em busca da saúde, por exemplo, também deve ser analisada pelo viés

sociológico. Que pessoas dispõem de tempo para praticar atividade física? Que pessoas

dispõem de dinheiro para freqüentar academias? Que pessoas acabam ficando

alijadas da prática regular de atividade física? A opção por uma vida fisicamente ativa é

exclusivamente individual ou há determinações sociais por trás dela? O enfoque sociológico

pode ir desde a percepção de que, infelizmente, o acesso à atividade física

não é igualitário em nossa sociedade, para os alunos das séries iniciais, até a compreensão

de teorias sociológicas, para os alunos das últimas séries do ensino médio.

Em suma, não bastaria a um aluno egresso da escola saber estruturar e avaliar

um programa de exercícios para si próprio. Se não fosse capaz de compreender, por

exemplo, a escassez de espaços públicos para a prática de exercícios, o acesso

diferenciado das classes sociais a determinados desportos e a falta de tempo da

classe trabalhadora para a prática desportiva, esse indivíduo não possuiria autonomia

para praticar e compreender o exercício e o desporto no seu dia-a-dia. A nosso ver,

essa é a grande tarefa da educação física escolar: habilitar os alunos a praticar o

exercício físico e o desporto e a compreender os determinantes fisiológicos,

biomecânicos, sociopolítico-econômicos e culturais dessa prática. Dessa forma, ela

estará contribuindo para a ampliação do entendimento do binômio exercício-saúde,

para a construção de estilos de vida ativa e para uma sociedade mais justa e igualitária.

 

Fitness and health in physical education: enlarging the focus

 

ABSTRACT: Regular and well-oriented exercise practice can be seen as an important

contribution to health. Based upon this supposedly positive relation between exercise

and health, the “Health Related Fitness” (HRF) movement was created in mid-1980’s to

be applied in the school environment. Aiming at contributing for the improvement of

people’s health and life quality, this movement advocates the ideas of lifelong fitness and

active lifestyles building. Despite the fact that it betters the contents of physical education

presently taught in schools, the HRF movement has suffered some criticism. Two of its

mostly criticized aspects are the causality idea linking exercise and health, and the major

individual character of its proposals, both of which contribute to a process named victim

blaming. Our proposal is that the movement responds this criticism by considering the

multifactorial character of health, by incorporating social, economic, political, cultural

and environmental determinants of exercise, fitness and sports. We believe that making

the students realize and understand the influence of these factors in exercise adherence

should be the main role to be played by physical education in schools.

KEY-WORDS: Health; Fitness; Health Related Fitness; Physical Education

 

(continua)

 

52

 

Aptitud física y salud en la Educación Física escolar: ampliando el enfoque

 

RESUMEN: La práctica regular y bien orientada del ejercicio físico puede ser vista como

una contribución importante para la salud. Basándose en esta relación positiva entre

ejercicio y salud surgió, a mediados de los años 80, el movimiento de

Relacionada à la Salud’

pregona la idea de la aptitud para toda la vida y el desarrollo de estilos activos de vida en

las personas, apunta a contribuir à una mejoria de la salud y de la calidad de vida de la

población. Aunque este movimiento puede ser considerado como un progreso en relación

a lo que se enseña en educación física escolar, no está libre de críticas. Dentro de las

principales críticas emitidas, encontramos la idea de causalidad entre ejercicio y salud asi

como el carácter sumamente individual de sus propuestas, lo que contribuye para la

culpabilización de la víctima. Como forma de superar estas lagunas, discutimos la necesidad

de que la AFRS considere el carácter multifactorial de la salud, incorporando los factores

sociales, económicos, políticos, culturales y ambientales del ejercicio, de la aptitud física

y del deporte. La comprensión de la influencia de estos factores en la adhesión al ejercicio

físico por parte de los alumnos, sería, en nuestra opinión, el gran papel que debería

desempeñar la educación física escolar.

PALABRAS CLAVE: Salud; Aptitud Física; Aptitud Física Relacionada à la Salud; Educación

Física Escolar

 

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